quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Quanto pagamos pela Saúde?

Rendimento mensal acima de €5000,00 – dedução de €300,00 para a Saúde
Rendimento médio – dedução de €80,00 para a Saúde

E onde anda um SNS que responda às nossas necessidades?

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Prevenar® - Introdução da Vacina Pneumocócica Heptavalente no PNV


Mais uma vez se prova que a Saúde é um tema que interessa a todos.
Há dois dias, enquanto conduzia, ouvia atentamente, na TSF, o programa “Mais cedo ou mais tarde” do jornalista João Paulo Menezes. A convidada era a pediatra Dra. Filipa Prata e o tema abordado a Vacina Pneumocócica Heptavalente.
O mote para o programa foi a recente declaração da ministra da Saúde, a pediatra Dra. Ana Jorge, que, quando questionada sobre a inclusão desta vacina no Plano Nacional de Vacinação (PNV), defendeu a sua não inclusão afirmando que não lhe reconhecia eficácia suficiente.
A vacina pneumocócica heptavalente é uma vacina que previne a doença pneumocócica invasiva (nomeadamente a pneumonia e a meningite) e não invasiva (nomeadamente a otite, a sinusite e a bronquite) provocadas por 7 das 91 estirpes do Pneumococo (uma bactéria agressiva e frequente). Muitos pediatras, baseados nas recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS), da Sociedade Portuguesa de Pediatria (SPP) e em estudos publicados, defendem e prescrevem a vacina às crianças, apesar da não comparticipação por parte do Estado português.
Curiosamente um dos estudos, que data a sua publicação de 2007, encontra-se publicado no site da Administração Regional de Saúde do Norte (ARS-Norte). Segundo este estudo, a prescrição da vacina pneumocócica heptavalente (Prevenar®) aumentou entre 2001 e 2004, sendo que até aos 2 anos de idade 33% da população se encontrava vacinada com as 4 doses. A área geográfica do estudo foi o norte do país, sendo o Porto o distrito com maior cobertura (35%), seguido do distrito de Braga. O distrito de Bragança apresentou uma cobertura inferior a 20%. Tendo em conta o preço de casa dose (€71,00 – o que perfaz €284,00 no total) esta realidade poderá expressar mais uma vez as diferenças de distribuição de riqueza entre o litoral e o interior do país. A título de comparação, no mesmo período, a Meningitec® (vacina que previna a infecção pelo Meningococo C – também responsável por casos graves de meningite) apresentou uma cobertura de 74%; contudo, o valor de cada uma das 3 doses era de €35,00 (total €105,00) – à data a vacina contra o Meningococo C ainda não se encontrava incluída no PNV.
Apesar da não-comparticipação por parte do Estado, há que fazer a seguinte ressalva: existem muitos hospitais onde a vacina pneumocócica heptavalente é administrada gratuitamente a crianças consideradas de risco que são seguidas em consultas de Pediatria desses hospitais, contudo, essa é uma iniciativa individual do hospital e da sua administração e não do Estado no geral. Nesses grupos de risco incluem-se as crianças com imunodeficiências adquiridas e congénitas, doenças cardíacas congénitas, fibrose quística e outras doenças pulmonares congénitas, doenças renais (nomeadamente aquelas que despoletam síndroma nefrótico), crianças sem baço ou com baço não-funcionante, diabetes mellitus e outras.
Segundo o Grupo de Estudo da Doença Pneumocócica Invasiva, em 2007, 79,1% das crianças portuguesas encontravam-se vacinadas com Prevenar®, contra 65% em 2004; acredita-se que, actualmente, este número tenha aumentado e que apenas 20% dos casos de meningite invasiva sejam devidos a estirpes pneumocócicas. Estes dados revelam por um lado a eficácia da vacina corroborando as recomendações da OMS e da SPP, por outro lado revelam a preocupação dos pais no seguimento das recomendações dos pediatras – parece que só a ministra da Saúde é que não está de acordo.
Quando em Portugal se gastam 140 milhões de euros em embalagens dispensadas de medicamentos, revelando o mau dimensionamento dessas embalagens, a introdução da vacina pneumocócica heptavalente no PNV apenas custaria 15 milhões de euros. O que é que se lê aqui? Pressão da indústria farmacêutica e/ou falta de vontade política! Falamos de uma questão de Saúde Pública! Não esqueçamos também que, além dos benefícios individuais, a vacina confere imunidade de grupo diminuindo a probabilidade de contágio.
Como nota de fundo, fica o registo que já foi votado uma proposta de inclusão da vacina pneumocócica heptavalente no PNV em Assembleia da República há 2 meses (iniciativa do CDS-PP) que foi chumbada pela maioria PS.
A título de actualização, fica a informação de que em Abril deste ano aparecerá no mercado uma nova vacina que previne a infecção por 10 das 91 estirpes pneumocócicas (Florix®), e no último trimestre deste ano aparecerá uma vacina contra 13 estirpes.

E vivemos nós num país onde se fala de luvas de 250 mil contos (50 milhões de euros)! – apenas 333% do valor do custo de inclusão da vacina no PNV!

Hospital Garcia de Orta - Alguns Números


- Início da actividade em 1991 (há 18 anos)
- Hospital projectado para 150000 habitantes
- População alvo actual >400000 habitantes (concelhos de Almada, Seixal e Sesimbra)
- Centro de referência a sul do Tejo (hospital central)
- 400 camas de internamento (50 no Serviço de Medicina Interna)
- Cerca de 270 utentes atendidos no Serviço de Urgência por dia
- Cerca de 30 internamentos por dia (15 no Serviço de Medicina Interna)

Impõem-se as perguntas:
- Há estudos sobre a viabilidade destes números?
- Sabemos se as camas atribuídas a cama serviço são proporcionais ao número de doentes?
- Em 18 anos nunca houve necessidade de reestruturar o Serviço de Urgência?
- O que se preconiza será o mais correcto?

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Um número para reflectir... Pinhal Novo

Pinhal Novo - vila do concelho de Palmela

28000 habitantes

9000 utentes sem médico de família

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

A Grande Mentira de Sócrates - Contratação de Médicos de Família


Vivemos um período de recessão, atraso de crescimento, dificuldades económicas… o que seja… ao povo português interessa o simples conceito de dificuldade em subsistir! Para falar verdade, vivemos há tempo demais neste quadro negativo de relação social e estamos cansados de um discurso optimista de espera constante em que o pote de ouro no fim do arco-íris nunca mais é alcançado! Este tema domina as conversas de café, as tertúlias familiares à hora de jantar, as trocas de impressões entre colegas de trabalho… e toca todos os sectores da sociedade – dos mais abastados àqueles com maiores dificuldades. Urge a necessidade de resolução como se de uma inspiração profunda necessitássemos para nos sentirmos confortados depois do esforço realizado.
Na Saúde o panorama não é distinto. A falta de meios, que é tradução da falta de dinheiro e de vontade política, levou a um estado do Serviço Nacional de Saúde (SNS) que já não consegue responder de forma satisfatória às necessidades da população.
Caso paradigmático de discussão acesa e opiniões fervorosas é a suposta falta de médicos em Portugal! Convictamente vos digo que Portugal tem 3,4 médicos por mil habitantes, enquanto a média da União Europeia é 3,2 médicos por mil habitantes – o nosso problema não está na falta de profissionais médicos no sector, mas na sua distribuição por especialidade e por área geográfica. Isto para não falar na redução dos incentivos para a realização da actividade e de algumas medidas castradoras dessa actividade enquanto Ciência que motivam muitos médicos a abandonar o SNS e a dedicarem-se à actividade privada.
Neste contexto volto a tocar naquilo que realmente interessa à população: os Cuidados Primários (vulgo, centros de saúde) – sendo a primeira face de abordagem da pessoa doente e da pessoa que busca aconselhamento médico!
Nesta área de acção, o nosso Primeiro-Ministro anunciou no último debate quinzenal, na Assembleia da República, a contratação de mais 250 novos médicos de Medicina Geral e Familiar (MGF, vulgo médicos de família), para colmatar algumas falhas nos Cuidados Primários! Mentira!
Interessa perceber como funciona a formação pós-graduada de um médico que siga a carreira de MGF para entender a falta de verdade: findo o curso de Medicina, um médico passa por um ano de formação generalistas (Internato do Ano Comum, semelhante ao antigo Internato Geral) e depois por 5 anos de formação específica (Internato da Especialidade, semelhante ao antigo Internato Complementar), integrando à posterior o SNS já como especialista. Quer isto dizer que os 250 novos médicos de MGF, que José Sócrates diz ter contratado, são 250 médicos licenciados em Medicina em 2002, tendo realizado a formação generalista em 2003 e a formação específica entre 2004 e 2008 – no fim deste processo não lhes restava grande opção a não ser serem contratados para trabalharem numa unidade de Cuidados Primários.
Em todo o caso, o anúncio foi feto como se de uma grande medida se tratasse – se em teoria estes 250 profissionais fossem todos colocados na área da Administração Regional de Saúde de Lisboa de Vale do Tejo (ARS-LVT), não resolveriam nem metade dos problemas aí existentes.
A juntar a isto, o actual método de reestruturação dos Cuidados Primários começa a levar à ruptura de muitas unidades. Em traços gerais, apesar de em teoria a criação das Unidades de Saúde Familiares (USF’s) parecer em tudo positiva, acontece que os utentes não abrangidos pelas USF’s continuam a acumular-se nas antigas e tradicionais extensões dos Centros de Saúde que ainda não aderiram a essa reforma – o que assusta, é que mesmo que aderissem, muitos seriam os utentes que ficariam sem médico de família e sem apoio por parte das unidades, agravando a situação em que vivemos. No mesmo agrupamento de Centro de Saúde assistimos a realidades tão distintas como a Lapa e o Biafra! Urgem novas medidas mais coerentes com a realidade! Estas reformas não se coadunam com longos tempos de espera!
Para vos deixar um exemplo prático: no Agrupamento de Centros de Saúde de Almada / Costa de Caparica / Cova da Piedade existem 17 unidades, das quais 5 são USF’s e 12 funcionam ainda à moda antiga, algumas num molde antigo muito mau!
Lanço com isto a verdade para a discussão! É preciso mobilizar a Sociedade Civil para esta problemática.
Assim tenhamos todos opinião!

Um novo blog - Nós e a Saúde


A criação deste blog pretende ser um espaço aberto de discussão pública sobre uma problemática que a todos diz respeito – a Saúde!
Conto com a participação de todos!